As palavras têm o poder de unir ou de separar as pessoas.
Quem se comunica de forma assertiva sabe que algumas frases e expressões devem ser evitadas porque as pessoas podem interpreta-las de maneira errada.
A verdade é que muitas vezes, sem perceber, cometemos os famosos deslizes em nossa maneira de falar com outras pessoas. Podem ser comentários despretensiosos, espontâneos, aparentemente inofensivos para nós que falamos, mas que ao final causam uma sensação de desconforto e ressentimento em quem ouve.
Podemos defini-los como “gafes ou deslizes da comunicação” que costumam ocorrer quando falamos algo sem antes analisarmos suas consequências. Isso porque, antes de fazermos qualquer comentário, afirmação, observação ou sugestão a alguém, o correto é analisarmos se eles são realmente necessários e qual impacto poderão causar na pessoa. As palavras têm o poder de unir ou de separar as pessoas
Por exemplo, qual sensação ou reação poderei despertar no meu interlocutor ao lhe dar uma sugestão, falando de determinada forma? Ou talvez como ele interpretará um comentário que farei sobre sua atitude?
Esses e outros questionamentos prévios são muito eficazes se queremos ter uma comunicação assertiva, ao invés de sairmos falando coisas como donos da verdade. Poderemos evitar vários aborrecimentos, mágoas e mal entendidos, afinal, lembre-se que nem todos têm a mesma interpretação sobre um raciocínio, ideia e principalmente, sobre como as compartilhamos.
Compreender as implicações sutis que nossas falas carregam requer não só empatia, como também consciência social em relação às diferentes realidades, experiências e emoções de todo ser humano.
Para isso, o primeiro passo é efetivamente direcionarmos o foco para aquele com quem falamos. Porque quase sempre estamos tão focados e preocupados com a nossa próxima fala, e em como vamos reagir ao que ouvimos, que deixamos de ter consciência em relação aos sentimentos e reações do outro.
Na comunicação, não podemos achar que estamos entendendo a outra pessoa até que estejamos efetivamente conectados e atentos ao que ela nos diz. Ter consciência e inteligência emocional de que as pessoas são diferentes em suas características, bagagem de vida, maneira de se comunicar, entre outras, nos permite ajustes importantes e assertivos na forma como falamos e nos comunicamos. Isso pode resultar em melhores diálogos e relacionamentos saudáveis.
Mas você pode estar me perguntando como seriam essas gafes ou deslizes. Muito bem! São frases e expressões que usamos em determinadas situações, as quais denotam julgamento, prepotência, crítica, comparação. Para exemplificar, separei algumas delas e que podem causar conflitos tanto no ambiente pessoal quanto profissional e como podemos evita-las. Aliás, elas até podem ser ditas, porém de outra forma. As palavras têm o poder de unir ou de separar as pessoas
“Sim, mas como já te disse…”
Essa frase soa como se a pessoa se sentisse incomodada por ter que repetir algo. É como se ela dissesse: estou tendo que repetir algo que você não prestou atenção ou não deu importância. Essa frase também denota que a pessoa é insegura ou se acha melhor do que o outro, ou ambos!
Em vez disso, se necessário, repita o que falou anteriormente – sem usar a frase acima – e dessa vez de uma maneira mais clara e objetiva. Precisamos lembrar que na maioria dos casos “achamos” que fomos entendidos, mas nem sempre isso é fato.
“Nossa, como você perdeu peso!”
Pode até parecer um comentário bem-intencionado, achando que estamos fazendo um elogio à pessoa. Mas na verdade, essa forma de falar cria a impressão de que quem fala está na verdade sendo crítico. Dizer a alguém que ela “perdeu muito peso” sugere um julgamento, ou seja, que ela estava gorda.
Em vez disso, diga: Você está muito bem! Está ótima! Veja que não é mencionado nada em relação a forma física. Ao se referir a realidade presente, evita-se a impressão de julgamento quanto a aparência anterior da pessoa, sem a comparação de antes e depois. O elogio é em relação a pessoa hoje.
“Não parece que você tem essa idade!”
Essa colocação tem um sentido preconceituoso, pejorativo e de julgamento. Aliás, outro dia li a seguinte frase: “Tenho referência na força da mulher de 50 anos, apesar de ainda faltar muito para eu chegar lá.” É perceptível que há um preconceito sutil e velado nessa frase, principalmente para quem ouve e tem 50 anos. Não temos o direito de julgar ninguém em relação a sua idade. Lógico que sempre “pensamos” ou “admiramos” uma pessoa de mais idade que demonstra beleza e vigor físico. Mas isso não nos dá o direito de fazermos afirmativas que nos coloque como avaliadores do que é bom, ruim, belo ou feio para quem quer que seja. As palavras têm o poder de unir ou de separar as pessoas
Se deseja elogiar uma pessoa por sua aparência, evite a comparação com a idade. É possível dizer: “Admiro a sua beleza e sua disposição.” Ou “Você sempre muito bem.”
“Você está com uma aparência cansada”
Já vivenciei essa situação e garanto que é desagradável. Quando minha primeira filha era ainda bebê, tinha que me desdobrar em vários papéis – mãe, dona de casa, estudante e profissional. Como eu era muito jovem e inexperiente, tudo ficava mais difícil.
Chegava no trabalho tentando disfarçar as olheiras e o ar cansado, mas era quase impossível. Logo vinha alguém para me dizer: “Nossa, você está com ar de muito cansada.” Essa fala só demonstrava que realmente todos estavam percebendo minha aparência e isso me deixava mais pra baixo. Me sentia desagradável perante meus colegas de trabalho, ficando mais difícil de me concentrar e ser produtiva.
Até acredito que ao dizer isso a pessoa estivesse querendo oferecer ajuda ou pensando ser solidária. Mas talvez teria sido muito melhor ouvir um “Está tudo bem?” Porque dessa forma me sentiria mais compreendida e confortável em compartilhar os desafios de minha jornada. Portanto, se não é pra destacar as coisas e qualidades boas no outro, as ruins menos ainda.
“Então… eu te avisei”
Uma frase que sutilmente qualifica o outro como alguém desobediente, relapso, teimoso. Além disso, quem fala se coloca como dono da verdade. Tudo bem, pode ser até que a experiência dessa pessoa lhe permita um certo “poder de prever” um determinado resultado. Porém, isso não lhe dá o direito de exigir essa mesma compreensão e maturidade do outro e muito menos, julga-lo por não ter considerado o que lhe foi dito.
Nesse caso, a fala mais assertiva poderia ser “Já passei por isso e pude tirar muitos aprendizados” ou “Que aprendizados você tira dessa experiência?” Toda pessoa tem o direito de viver suas próprias experiências e por consequência ter seus aprendizados.
Tenha sempre cautela!
Esses e outros são exemplos comuns de falas e comentários indelicados, ditos no dia-a-dia, sob o pretexto da motivação e boa intenção. Porém é preciso tomar cuidado com aquilo que se diz para alguém. As palavras têm o poder de unir ou de separar as pessoas.
Devemos ser sinceros e autênticos em nossa fala, mas sempre considerando a perspectiva do outro, com delicadeza, respeito e empatia. A comunicação assertiva exige que tenhamos filtros, ajustando nosso tom e as palavras que usamos. Sempre se pergunte se o que irá falar é realmente necessário e se poderá magoar quem irá ouvir. Tenha cautela! Afinal, você é totalmente responsável pelo que diz e como diz. Como bem disse Aristóteles, “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas sempre pensa em tudo o que diz.”
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Abraços
Rosana Zan – Instituto Comunica
Mentoria em comunicação & carreira