Como controlar a raiva e evitar conflitos
Raiva é uma emoção criativa e destrutiva. Ela pode nos motivar, remover as vendas dos nossos olhos e nos dar muita força quando direcionada corretamente. Por outro lado, há sua natureza destrutiva, a qual é revelada sempre que suprimimos (sufocamos) nossos sentimentos.
Mas então, como evitar seu lado negativo, que muitas vezes se manifesta com súbitas explosões de raiva? Como podemos trabalhar para expressar essa e outras emoções de forma assertiva, com objetivo de alcançarmos relações e comunicação saudáveis com outras pessoas?
Em nossa sociedade ocidental, é normal suprimir a raiva e outras emoções ruins. Porém, invariavelmente, isso resulta em um acúmulo de energia negativa em nós, que mais cedo ou mais tarde entrará em erupção e será liberada como um vulcão avassalador.
Pesquisadores indicam que reprimir esses estados emocionais, sem dar a devida atenção a eles, seus estímulos e causas, não contribui para a redução da intensidade emocional experimentada, pelo contrário, superestimula e sobrecarrega nossos sistemas neurais.
Sem contar que isso leva ao aumento do estresse, à redução da imunidade e problemas de saúde. Ao final, as emoções reprimidas, eventualmente encontrarão uma forma de serem liberadas e causarão seus danos.
O mecanismo que leva a raiva
Para entender como a raiva funciona, devemos perceber a diferença entre um estímulo e uma causa. A raiva é uma emoção, e a causa de cada estado emocional está em nosso pensamento. O comportamento de outra pessoa que não gostamos é um estímulo que ativa (indica, nos lembra) uma causa real (um pensamento que vez ou outra nos assombra).
Por exemplo: quando seu amigo não liga para você por um longo período, você pode sentir raiva e acusa-lo (julgar) de que ele não se importa com você. No entanto, se olhar atentamente para a verdadeira causa de sua raiva (julgamento), poderá perceber que na verdade, você precisa ou deseja mais atenção e carinho das pessoas e amigos. Porém, inconscientemente, você decidiu tratar o estímulo (sem telefonema) como a causa dessa raiva.
É assim que transferimos a responsabilidade por nossas emoções ruins para o mundo externo, em vez de olhar melhor para nós mesmos, nossas emoções, pensamentos, sentimentos e necessidades. Porque em um momento ou outro, essas emoções irão reverberar em seus relacionamentos e na forma como você se comunica.
Quando expressamos raiva, geralmente interpretamos um estímulo como uma causa e culpamos a outra pessoa por isso. Sentindo que um determinado comportamento deve mudar, nós a acusamos, dizendo que ela fez algo errado e que da próxima vez deve agir de forma diferente.
Como resultado, essa pessoa (nosso interlocutor) levanta seu escudo e entra no modo defensivo. É uma reação normal e usual. Onde há um ataque há também uma defesa. Quanto mais forte for o ataque, mais forte poderá ser a reação defensiva.
Quando seu interlocutor começa a se defender, ele não é capaz de entender qual a verdadeira razão do problema, a qual desencadeou essa reação (raiva). Ele dará prioridade para afastar as acusações que está recebendo de você e tentar resolver o conflito o mais rápido possível – geralmente não da maneira mais saudável, mas a mais rápida, tentando eliminar a tensão que sentem.
Ele também não será capaz de mudar seu comportamento, mesmo que você diga a ele o quão extremamente importante é para você – provavelmente usando um tom de voz mais agressivo ou chorando, à medida que o conflito aumenta.
O erro básico que muitas pessoas cometem quando estão com raiva é culpar a outra pessoa pelo quê e como elas se sentem. Essas pessoas não estão cientes de que a raiva realmente diz muito mais sobre elas mesmas. Superficialmente, parece que um estímulo é a causa da raiva e emoções ruins – mas a verdadeira razão permanece desconhecida.
Mas como vimos, a fonte da raiva está sempre em nosso pensamento, crenças e atitudes. Nossas necessidades, expectativas e julgamentos. Se em determinadas situações você sente raiva, muitas vezes significa que algumas de suas necessidades permanecem insatisfeitas.
Quando escolhe gritar e acusar como um método de expressar essa emoção, você terá conflitos desnecessários em vez da solução, e seu relacionamento com a outra pessoa possivelmente ficará comprometido.
O que fazer quando essas emoções intensas ocorrerem?
Trate-as como um alarme, um sinal que aponta para um certo problema não resolvido. Quando o alarme disparar, direcione toda a sua atenção para seu interior e se pergunte: Por que sinto raiva? O que exatamente está me causando essa emoção? O que estou perdendo que me faz sentir assim? Do que eu preciso?
Sei que nem sempre é tarefa fácil encontrar as respostas para essas perguntas quando estamos a um passo de extravasar essas emoções ruins sobre a outra pessoa.
No entanto, é muito importante parar por um instante, respirar fundo e dar a si mesmo(a) alguns minutos para observar o que está acontecendo dentro de você.
Quando se perde o controle de si mesmo(a), estando sob a influência de emoções ruins, é muito tentador expressar imediatamente a sua raiva. De certa forma, pode parecer até mesmo agradável. Portanto, desenvolver e ter o controle pode exigir alguma força interior. Quando você conseguir esse controle e apertar o botão STOP, se afaste da situação. Peça licença, saia do ambiente em que se encontra, antes que a raiva o domine e o conflito aumente.
Nessa hora, respire fundo, busque a calma e deixe o imediatismo das reações. Você precisa de apenas alguns momentos e algumas boas perguntas para se fazer e as emoções começarão a evaporar.
Trabalhe um diálogo construtivo com você mesmo. Faça as perguntas que mencionei até que comece a ter novamente o controle por suas emoções e reações. O desejo de falar de maneira calma e resolver o caso de forma mais saudável, assertiva e eficiente retornarão.
Você já se perguntou por que, em um frenesi de raiva, temos a necessidade tão grande de usarmos uma comunicação agressiva, lançando palavras desagradáveis aos outros, fazendo-os se sentirem mal? Por que pode ser tão agradável lançar essa raiva no outro e gerar um bullying psicológico, mesmo que momentaneamente? Como controlar a raiva e evitar conflitos
Simplesmente, porque queremos que a pessoa perceba a dor que achamos que ela nos fez sentir. Um desejo de devolver as emoções ruins para que ela admita seu erro, se sinta culpada e se desculpe. Queremos que ela mude seu comportamento. E aí está nosso engano. Primeiro porque não é a outra pessoa que precisa mudar. Segundo, quando alguém é acusado por fazer algo errado para você, a reação imediata dessa pessoa pode ser a de ficar ressentida. Consequentemente, não terá a oportunidade e o desejo de ter empatia com a sua dor. Ela direcionará toda a sua energia para se defender. Como controlar a raiva e evitar conflitos
Quando acusamos alguém de algo, a pessoa acusada tem duas escolhas possíveis: levar nossas palavras para o lado pessoal (o que fará com que ela se sinta sem esperança e a impeça de mudar seu comportamento) ou rejeitá-lo (o que também não mudará seu comportamento).
Portanto, em um nível prático da razão, não faz sentido culpar os outros quando nos sentimos mal. Se quisermos resolver o assunto de forma construtiva e assertiva, temos que permitir que essa pessoa entenda o que está acontecendo dentro de nós, como realmente nos sentimos. Vale a pena se conter de lançar pratos, palavrões, acusações e gritos e expressar a emoção com sabedoria.
Se você realmente quer se relacionar bem com o outro, deseja que alguém mude seu comportamento, lembre-se que ela deve sentir a necessidade por ela mesma. Quando ela não precisar se defender da sua raiva, já que terá a oportunidade justa para, com sabedoria, clareza e calma, explicar o que exatamente sente, por que sente e quais suas necessidades.
Para você refletir em momentos de raiva: Como controlar a raiva e evitar conflitos
- Faça uma pausa: Pare por um momento e respire. Deixe de lado quaisquer acusações contra a outra pessoa.
- Esteja ciente dos pensamentos que são a fonte da raiva. Reflita sobre eles profundamente. Que julgamento, opinião ou crença em sua mente faz você se sentir da maneira que se sente?
- Entenda suas carências. Se você já conhece o pensamento por trás da fonte da raiva, considere de que necessidade esse pensamento vem. O que especificamente você está perdendo ou precisando?
- Expresse suas necessidades. Não julgue a outra pessoa. Fale apenas sobre seus sentimentos que aparecerem devido ao comportamento particular dessa pessoa.
Se você quer expressar suas emoções de uma maneira saudável e usa-las para criar acordos e construir melhores relacionamentos, pare de culpar os outros por seus sentimentos e direcione sua consciência para suas emoções e necessidades. Tenha atenção para as reações imediatistas e agressivas. Aprenda a comunicar construtivamente essas necessidades para que possa ajudar o outro a entender o que você sente e de onde vem sua raiva. Isso o ajudará a mudar seu próprio comportamento de acordo com o que é importante para você. Espero que tudo isso faça sentido para seu comunicar com assertividade! Como controlar a raiva e evitar conflitos
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Abraços
Rosana Zan – Instituto Comunica
Mentoria em Comunicação & Carreira